6 de janeiro de 2010

Moradores da comunidade Brejinho marcham contra descaso do poder público

por Rodrigo Andrade

Na manhã de hoje, 5 de janeiro, os moradores da comunidade Brejinho, às margens da represa Billings, no Grajaú, levantaram-se contra o descaso e a falta de respeito da Prefeitura. Com suas casas alagadas há semanas, ameaçadas de despejo sem indenização, criminalizadas e sem perspectiva de auxílio por parte do poder público, setenta moradores, representando dezenas de famílias, perderam o dia de trabalho e puseram-se em marcha na caótica Av. Dona Belmira Marin, rumo a Sub-Prefeitura da Capela do Socorro, esperando obter respostas e alternativas para o problema.

Com situação muito parecida com a do Jardim Pantanal, na zona leste, a comunidade está ameaçada de despejo pelo Programa Mananciais e pela EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), e tem sofrido enchentes “nunca ocorridas em 30 anos de existência” – dizem os moradores.

A manifestação, pacífica, sofreu logo cedo o primeiro golpe: Funcionários da Defesa Civil da Sub-Prefeitura foram até a comunidade e tentaram intimidar os moradores dizendo que nada adiantaria realizar a marcha, que a prefeitura não iria tomar qualquer atitude! Os moradores não se entregaram e, às 9h30, partiram pra duas horas de caminhada sob forte sol e riscos do trânsito. À frente, moradores com faixas e megafone explicavam a toda a população do Grajaú o motivo do ato, pedindo compreensão aos motoristas e comerciantes, e reafirmando o compromisso de uma ação pacífica. Sem nenhum incidente no caminho, os moradores adentraram a Sub-Prefeitura exclamando “O povo na rua, prefeito a culpa é sua!” e exigindo uma reunião com o Sub-Prefeito Valdir Ferreira, que, pra variar, não estava.

A população foi atendida pelo chefe de gabinete, Elmer Marques, que recebeu uma comissão de 7 moradores, para realizar a reunião que esclarecesse as dúvidas sobre as ações de despejo e a falta de auxílio quanto às enchentes, que são muitas já que nada tem sido informado à população, e exigir a inserção em programas habitacionais, prestando auxílio aluguel às famílias que não tem condições de permanecer em suas casas até a execução de tais programas. Estiveram presentes também: Mario Senji Hasegawa (defesa civil), Carlos Nascimento (assessor de comunicação) e Donizetti Felício (assessor de gabinete). Os moradores que não participaram da reunião permaneceram na praça da Sub-Prefeitura.

Após quase duas horas, a comissão retornou trazendo as proposituras da reunião. Foi dito que a Secretaria de Habitação (SEHAB) já foi acionada e que ela prevê que os moradores receberão auxílio-aluguel vinculado a uma alternativa habitacional definitiva. O cadastro social dos moradores será concluído até o início da próxima semana e foi marcada uma próxima reunião no dia 12, segunda, ocasião em que já haverá um posicionamento mais claro da SEHAB. O problema é que a Sub-Prefeitura alega que, necessariamente, as famílias continuarão sendo notificadas como infratoras, e terão suas casas interditadas, mesmo antes da apresentação de qualquer resposta concreta.

Após a ação os moradores retornaram pacificamente para casa, com o compromisso de informar os moradores que não puderam comparecer e discutir os encaminhamentos da reunião. Prometeram manter-se organizados e em luta, dizendo, ainda, que haverá novos atos caso os acordos sejam descumpridos.

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