15 de janeiro de 2010

Nem prosa, nem poesia.

E nestes dias de nariz e alma congestionados. Tão sem música e sem palavras. Me alimento daquelas que traduzem a língua que é falada aqui nestas terras. Como as de Mia ou da Dinha, como as Secas e Molhadas, como as de Itamar. E foi com um gosto na boca, sem tradução racional que reli esse livrinho de palavras resistentes e nada reticentes. Capturei. Talvez por estes dias de chuvas que lavam almas ou levam cidades, nas enxurradas que levaram tantas palavras de meu abecedário. Talvez porque "ninguém é cidadão" nem aqui, nem no Haiti, nem pra Milton. Talvez pela surdez de ouvidos que escutam ou pelas cegueiras ensaiadas, automaticas e reais. Talvez porque dizia Samuel que a indignação era aquela "mosca sem asas". Talvez porque mesmo assim a chuva molhou desejos. Talvez porque mesmo assim a lua apareceu cheia, branca e arrepiou pêlos e sonhos. Talvez porque queira plantar girassóis.

Um comentário:

ROBSON POETA DU RAP disse...

Lindo isso.