Poema de Hermano José
Não se faz o mundo duas vezes:
Duas vezes a Lua.
Duas vezes o Mar.
Não se faz duas vezes;
A inclinação do Cruzeiro do Sul,
A rotação diversas dos Astros
A luz solar riscando madrugadas,
Crepúsculos incendiados
Para o sono dos pássaros.
Duas vezes não se fará:
O rumor das ondas
Por cima de caranguejos translúcidos.
Chuvas tropicais
Resvalando em rios caudalosos,
Pororocas noturnas,
Revolvendo assombrações
Mas, se fará:
Negras espumas de óleo subterrâneos
Nuvens asfixiantes em horas imprevisíveis,
Mortos mares naufragados em detritos,
Desertos de verdes calcinados,
Terra desfigurada de pólo a pólo.
Terra inútil
Túmulo rejeitado
De fracasso humano.
8 de janeiro de 2010
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