Mia Couto, em Antes de nascer o mundo
Passo pela rua, caminhando até a padaria da esquina. Ao lado um senhor sentado em sua cadeira, dentro da serralheria. Seus olhos bem fechados a brincar com sua dentadura que passeia para lá... passeia para acolá... Seu rosto me desperta curiosidade, como cocegas dessas de risada tranquila, leve de ver ele sentado de frente a rua sem perceber meu olhar passando... Por andariam brincando seus pensamentos?
Que coisa esta de se deleitar por passagens. Isso depois de conversar com os silêncios de Mia Couto no trem, enamorando-me pelos espaços preenchidos entre cada uma de suas palavras.
Fazia tempo que não lia tamanha delicadeza. Muitas leituras me faziam sentido, me davam graça, me tiravam o sono, me adormeciam, mas suas sensações são coisas que ainda não posso traduzir, nem sei se poderei, é mesmo assim, como "afinar silêncios". Ler os silêncios de Mia e afinar os meus...
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