Nunca mais escrevi aqui...
Assim volto, como quem volta pra algum lugar depois de muito tempo, o suficiente pra chegar e ver tudo aqui um pouco vazio, como casa que ninguém entra há muito... pouca visita minha e portanto dos outros também... Aí é engraçado escrever, pois sei que provavelmente eu seja a única que vá ler...
Mas é como cumprir a fase de um ritual.
ComeçoMeioFimComeçoMeioFimComeçoMeioFimComeçoMeioFim.
Pra algo começar sempre tem algo que acaba?
O que me motivou a criar esse espaço, ao menos o que consigo captar, foi um emaranhado, emaranhado de intenções e sensações, vontade de voltar a escrever sem preocupações, assim palavras extensão-corpo, palavras extensão-sonho, deixar que elas tomem a frente.
Engraçado que elas tomaram em muitos momentos, muitos, em outros eram as imagens-extensão, em outros precisava de palavras alheias-minhas que me lessem, em outros me via na rotina (esses eram momentos em que não deixava as palavras e imagens tomarem a frente).
Aí ao mesmo tempo veio àquela historinha antiga que eu criei um dia...
Uma historinha de uma menina que um dia viu aquele brotinho no lugar onde havia mijado e ai decidiu que, no meio daquele sertão queria ver o broto crescer, lhe dar sombra boa pra descansar e exercitar a preguiça, as idéias, o cuidado e talvez alguma proteção em torno daquela terra de sertão.
Pois foi aí que lhe veio a idéia de dia-a-dia mijar novamente e no único açude se abastecia de água e voltava pra aguar, depois da tarefa cumprida ficava por ali em volto do broto, criando brincadeiras em torno daquela amizade.
Passa dia.
Passam dias...
Passam meses...
O brotinho teimava em seguir pequeno.
Certo dia foi que a menina entristeceu-se der cansaço, cansaço de esperar. Esperou amanhecer e foi então ao encontro da plantinha e se desaguou a chorar...
De tanto desaguar adormeceu... Passou lua, passou sol. E quando acordou se deu com um susto: a danada havia crescido.
Parou em frente a ela, olhou, olhou, admirou-se com o prodígio do acontecimento, ficou ali lhe observando por horas...
Até que atinou com uma sensação rara e inesperada. Ela tambpem havia crescido e aquela sobrinha que antes lhe parecia grande, agora já não lhe cabia.
Talvez o mundo acolá lhe coubesse, talvez ela mesma carregasse pra si algumas sombras que lhe garantiam aconchego...
Deste modo despediu-se e foi talvez conhecer a cidade que lhe dizia haver depois da estrada, talvez fosse ver se existia esse tal de mar, não sabia muito além de que havia mais além daquele broto... mas foi.
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No sertão nordestino são comuns histórias como da roseira que nasceu onde a menina mijou ou de Zé Cagão (um tipo de conto de fadas cearense que minha vó contava pras netas).
Cresci ouvindo estas e outras histórias algumas imaginadas e outras vividas na familia. Daí tal dia veio me esta e escrevi. Não está escrita do mesmo modo...
Fui apenas relembrando pra deixar neste baú.
Foi por essas histórias que dei esse nome ao blog... E somente no fim escrevo o porquê do nome: a menina que mijou no pé de flor.