2 de dezembro de 2010

Hoje nasci o dia inteiro.

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Sonhei que dizia isso e no sonho "o dia inteiro" era "o ano", "inteiro". Essas coisas-sensações de sonho. Fiquei pensando muito nessa frase que disse dormindo. E de como eu me dizia coisas em sonhos sem saber-sabendo, sem querer-querendo. E eu ali.

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O ano todo nascendo.
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Repeti. Repeti em minha mente como criança que quer ouvir muitas vezes a mesma história. Nascia? E repetia. Da repetição que ecoava, apenas uma única sensação quase física:
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Nascer dói.
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Pensava então. Onde vi isso? Devo ter lido. Clarice teria que ser Clarice Água Viva. Procurei. Procurei, mas não. Apenas havia sido aquela, aquela mesma que ao nascer dizia. Não, não era Clarice que me traduzia.
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Hoje nasci o dia inteiro.
Nascer dói.
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3 comentários:

Pérola disse...

Que forte Fê!
Nascer dói. Dói para mãe que precisa expulsar, desprender. Dói para a cria que precisa ser.
Tantas novas e diferentes possibilidades de dar e receber nesse novo ser, ser|estar| viver...
Lindo movimento do seu inconsciente.
Parindo a vida!

Polly Barros disse...

Até a sua forma de expressar foi sonho, "inteiro".
Sonho é mergulho quando é assim. A gente nasce no profundo ir. E "repetir, repetir, até ficar diferente", porque nascer pode ser todo dia, repetindo pra virar nova coisa, tipo quando a gente acorda já somou-se mais um ano no dia.

fernanda disse...

Bom ouvir vocês meninas...
O re-soar em palavras polifonicas e de refazenda rs
Beijinhos