4 de agosto de 2010

do que não é palavra

Não sei dizer quando não há palavras. Não sei. Ou talvez nem o ‘não sei’ caiba neste espaço, porque ainda intraduzível. Ou não. Não. Talvez seja porque tenha uma tradução tão difícil de admitir.

Minha razão cala a fala, mas não o corpo, que flui. Olhos, pele, respiração se comunicam, traduzem. No instante tudo é ontem, hoje e amanhã, mas também tudo é se...

Cala te boca, mas os olhos dizem, pronto, disseram. A boca cala, apenas fala a respiração, que toca. Tudo se toca, tudo se comunica, tudo diz. Ecoa, os corpos se conhecem na história, mas também num devir.

E essa música deu de tocar agora. Perco me nos pensamento, até te enxergar. meus pensamentos altos em meus ouvidos, vejo. Seus olhos, repletos disto, da música molhada, esta nossa. Seus olhos cheios, cheios, água. Água da palavra, palavra que escapa, esta sua. Suas palavras. Escuto. Escuto seus olhos.

Não, não há mais beija-flor, há beija, há flor, há.

O seu medo de viver me assusta.

Nada é compreensível pra mim, apenas o que transcende.

Não sei o que fazer com o que fica, será que por isso os espirros ininterruptos, o cansaço, o sono, o aperto. Choro. De algum jeito tudo se esvai. Há muito.

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Não. Não cultivemos flores assim.

Sim. Sim, semeemos nossos drãos.

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2 comentários:

Pérola disse...

Lindo!

Paul Constantinides disse...

um texto meio melancólico e bonito e uma voz de cantora surpreendentemente belo.
bjs
paul