25 de maio de 2009

Eu vou...

 CéU - bubuia

Encontros, devires, nupcias

"A orquídea se desterritorializa formando uma imagem, um decalque da vespa; mas a vespa se reterritorializa sobre esta imagem. A vespa se desterritorializa, no entanto, tornado-se ela mesma uma peça de aparelho de reprodução de orquídea; mas ela reterritorializa a orquídea, transportando o pólen. A vespa e a orquídea fazem rizoma em sua heterogeneidade". (Gilles Deleuze & Felix Guatarri, no Mil Platôs, Capitalismo e Esquizofrenia)
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"A vespa e a orquídea são o exemplo. A orquídea parece formar uma imagem de vespa, mas, na verdade, há um devir-vespa da orquídea, um devir-orquídea da vespa, uma dupla captura, pois "o que" cada um se torna não muda menos do que "aquele" que se torna. A vespa torna-se parte do aparelho reprodutor da orquídea, ao mesmo tempo em que a orquídea se torna órgão sexual para a vespa. Único e mesmo devir, único bloco de devir, ou, como diz Rémy Chauvin, uma "evolução a-paralela de dois seres que não têm absolutamente nada a ver um com o outro".
(Gilles Deleuze & Claire Parnet, em Diálogos)
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20 de maio de 2009

"É preciso deixar nascer. Pensar a política a partir dos partos.

Audre Lorde sugeria que erótica é a parteira das nossas mais profundas potências. Partos são feitos de uma conjugação de desejos: o desejo de ficar mãe, o desejo de transformar um corpo por meio de alguma fricção, o desejo de abrigar acolher outra pessoa dentro das próprias entranhas. E o desejo de deixar nascer o novo".
(trecho de artigo de Hilan Bensusan e Fabiane Borges, no Le Monde, 12.11.2008)
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19 de maio de 2009

Poema da despedida

(Poema de Mia Couto, moçambicano, escritor, hibrido entre o que é tradição e o que sempre está a nascer)

Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal, só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.

Quando eu era bem pequenina

D. Carmelia vestia-me com carinho.
Costurava seus retalhos de bem querer,

que eram sempre coloridos ou brilhosos afetos.
Com seus pedaços de pano fazia roupas de miúdas e bufantes mangas.
Lembro, que tinha bem meus cinco anos quando fez um biquíni especial,
era para o dia que conhecesse o mar,
era azul bem clarinho, de pingos de lantejoula luminosa,
e mais que vestido de festa fazia brilhar o mar...


4 de maio de 2009

Hoje o dia chegou de madrugada e entrou pela porta da frente.

Hoje o sono chegou pela manhã e acordou a tardinha.
Hoje apenas aprender a silenciar.
E aquela flor parida anteontem
engatinha o desabrochar.

1 de maio de 2009